Fatura para aprovar Previdência chega a R$ 55 bi
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Medidas já estavam na mesa de negociações e eram usadas como barganha antes mesmo das revelações que abalaram o Palácio do Planalto e a base aliada do governo
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A fatura para a aprovação da
reforma da Previdência, cuja tramitação agora está ameaçada pela instabilidade
política que paira sobre o País, já era alta antes mesmo das acusações contra o
presidente Michel Temer. Medidas sinalizadas pelo governo, como o parcelamento
das dívidas de Estados e municípios com o INSS, ou apresentadas por parlamentares,
como o Super-Refis para empresas, poderiam custar pelo menos R$ 54,8 bilhões,
segundo levantamento feito pelo 'Estadão/Broadcast'.
Todas as medidas já estavam na
mesa de negociações e eram usadas como barganha antes das revelações que abalaram
o Palácio do Planalto e a base aliada do governo. Agora, a capacidade de
articulação de Temer é colocada em xeque por economistas. Há também a
preocupação de que, na busca por apoio para manter sua governabilidade, o
presidente ceda ainda mais aos pedidos.
Só com o Refis de Estados e
municípios, as prefeituras estimavam alívio de R$ 30 bilhões de um débito total
de R$ 75 bilhões com o INSS. Os Estados, porém, não fizeram avaliação de quanto
dos R$ 15 bilhões devidos poderiam ser abatidos com as condições mais
vantajosas oferecidas pelo governo. Os descontos são de 25% em multas e
encargos e de 80% nos juros.
O governo ainda poderia ter um
prejuízo de R$ 23 bilhões com a desfiguração do Programa de Regularização
Tributária (PRT), que foi transformado em um Super-Refis durante a tramitação
da medida provisória no Congresso Nacional. A ideia dos parlamentares era
conceder anistia total em juros e multas. Com isso, além de não arrecadar os R$
8 bilhões esperados com o programa, o Fisco teria perda adicional de R$ 15
bilhões com tributos correntes que deixariam de ser pagos.
O ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, já articulou com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), um acordo para manter algum desconto no Refis, mas bem menos benevolente
do que desejavam os deputados. O texto deve ser votado na próxima semana, antes
de expirar o prazo da MP.
O governo também vai editar um
Refis para produtores rurais com dívidas com o Fundo de Assistência ao
Trabalhador Rural (Funrural). O valor total do débito é estimado em R$ 10
bilhões, mas ainda não há projeção de quanto disso vai virar fatura para a
União. A área econômica concederá desconto de 100% no juro e de 25% na multa.
Apesar do gesto do governo, o
presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Nilson Leitão
(PSDB-MT), advertiu que "uma coisa não tem nada a ver com a outra", e
não garantiu os votos de toda a bancada ruralista, que conta com 109 deputados,
segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Segundo técnicos, as renúncias
com esses Refis vão dificultar ainda mais qualquer redução no corte já feito no
Orçamento de 2017, até agora de R$ 42,1 bilhões. Além disso, representam risco
adicional ao cumprimento da meta fiscal deste ano, de déficit de R$ 139
bilhões.
Outras medidas
Há ainda outras medidas em fase
de negociação, como a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física
(IRPF) e o aumento da faixa de isenção, que também teria impacto nas contas
públicas.
No campo político, o governo já
começou o loteamento de cargos para a base aliada. O ministro-chefe da Casa
Civil, Eliseu Padilha, nomeou o advogado Rodrigo Sérgio Dias para a presidência
da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa). Dias foi indicado para o cargo pelo bloco formado por PTN, PTdoB e
PSL. A Casa Civil também nomeou um aliado do deputado Kaio Maniçoba (PMDB-PE)
para comandar a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senadi).
Refis de Estados e municípios:
Parcelamento de R$ 90,136 bilhões em dívidas de prefeituras com o INSS, com
desconto, deve custar R$ 30 bilhões
Refis de produtores rurais:
Parcelamento de R$ 10 bilhões em dívidas com o Fundo de Assistência ao
Trabalhador Rural (Funrural)
Programa de Regularização
Tributária (PRT): A previsão do governo era arrecadar R$ 8 bilhões com o PRT,
mas as flexibilizações feitas no Congresso Nacional acabam com essa
possibilidade e ainda trazem perda adicional de até
R$ 15 bilhões
Emendas parlamentares: Até agora,
o governo antecipou R$ 1,8 bilhão em emendas que seriam desembolsadas só no
quarto trimestre
Mudança no ISS: Não há custo, mas
tem benefícios para mais de 5,5 mil municípios. Arrecadação de R$ 6 bilhões,
hoje concentrada em 35 prefeituras, será distribuída a todos os municípios
EM NEGOCIAÇÃO
Fundeb: Governo vai mudar a
distribuição dos recursos do Fundeb, fundo para a manutenção da educação
básica. Neste ano, a previsão é que o fundo receba R$ 13 bilhões em repasses
federais
Correção da tabela do IR:
Senadores do PMDB cobram o aumento da faixa de isenção do imposto de renda,
hoje aplicada a quem recebe até R$ 1.903,98 por mês. Equipe econômica, no
entanto, diz que não há recursos
Cargos na administração pública:
Governo está exonerando aliados de parlamentares que votam contra a reforma. Ao
mesmo tempo, entrega cargos para quem se compromete em votar a favor
Prioridade na conclusão de obras: Ministérios do
Planejamento e dos Transportes já fizeram levantamento das obras inacabadas que
terão prioridade para a conclusão.
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