Associação critica falta de perícia prévia em áudio entregue por dono da JB
Imagem: Agência Brasil |
A Associação Nacional dos Peritos
Criminais Federais divulgou nota questionando o fato de a Procuradoria-Geral da
República (PGR) não ter periciado o áudio da conversa que o empresário Joesley
Batista, dono da JBS, gravou com o presidente Michel Temer, antes de anexá-la
ao pedido de abertura de inquérito contra o presidente e a assinatura do acordo
de delação premiada que beneficiou Joesley, seu irmão, Wesley Batista, e
executivos da holding J&F, à qual pertence a JBS.
As conversas foram gravadas em
março deste ano, sem o conhecimento de Temer, durante um encontro à noite, no
Palácio do Jaburu. No áudio, o dono da JBS afirma que tinha ligação com um
procurador da Justiça e dois juízes que lhe passavam informações confidenciais
sobre a Operação Greenfield (que apura suspeita de desvio de recursos em fundos
de pensão públicos). O teor da conversa motivou a abertura de inquérito contra
o presidente, no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da PGR. No entanto,
Temer pediu a suspensão do inquérito, alegando que não cometeu qualquer crime e
que o áudio que embasa o inquérito teve pontos editados e não foi periciado
previamente.
Para a associação dos peritos
criminais, a homologação de delações premiadas sem a devida análise pericial
prévia é temerária. “É inaceitável que, tendo à disposição a Perícia Oficial da
União, que tem os melhores especialistas forenses em evidências multimídia do
país, não se tenha solicitado a necessária análise técnica no material
divulgado, permitindo que um evento de grande importância criminal para o país
venha a ser apresentado sem a qualificada comprovação científica”.
Segundo a entidade, a mera
audição da reprodução, pela imprensa, do áudio entregue por Joesley Batista
permite notar “a presença de eventos acústicos que precisam passar por análise
técnica, especializada e aprofundada”. No entanto, não é possível emitir
qualquer conclusão sobre a autenticidade da gravação sem que o áudio e o
equipamento usado para gravar a conversa sejam periciados pelo Instituto
Nacional de Criminalística, da Polícia Federal.
Ontem (20), o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, atendeu ao pedido da defesa do presidente
Temer e determinou o envio do áudio para que seja periciado pela Polícia
Federal.
Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
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