Após morte de menino de 10 anos, moradores do Complexo do Alemão protestam contra violência
Moradores do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, voltaram a protestar contra a violência no conjunto de favelas neste sábado (4), após a morte do estudante Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, e outras três pessoas em tiroteios nos últimos dias. Mototaxistas lideraram uma marcha pela Estrada do Itararé, uma das principais avenidas do complexo, em direção à Praça de Inhaúma. Durante o ato, que reuniu centenas de moradores, a mãe do garoto, Terezinha Maria de Jesus, se revoltou com a presença de policiais militares. Terezinha precisou ser amparada por parentes e amigos, após avançar em direção a uma viatura que acompanhava o trajeto dos manifestantes. Ela gritava contra os policiais, chamando-os de assassinos. Após a manifestação, os pais de Eduardo foram recebidos pela secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Cosentino. O governo do Rio decidiu arcar com os custos de traslado do corpo para o Piauí, onde será enterrado no município de Corrente. A família também acompanhará o traslado, no domingo às 11h15. No Complexo do Alemão, a manifestação terminou por volta das 14h, sem confrontos, após percorrer diversas ruas do conjunto de favelas. Os moradores vestiam roupas brancas e distribuíram balões para reivindicar o fim da violência nas favelas, após noventa dias de tiroteios e confrontos. Em carros de som e nos cartazes, os manifestantes gritavam "Fora UPP" e vaiavam as equipes policiais que acompanharam o protesto, organizado por associações de moradores, lideranças locais, coletivos culturais e organizações comunitárias. Na tarde de sexta (3), policiais militares e manifestantes entraram em confronto na Itararé, principal acesso ao Alemão. Cerca de 300 pessoas chegaram a interditar o trânsito, na tentativa de chegar à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Alemão. Os PMs usaram bombas de gás e spray de pimenta para dispersar a manifestação.
por Danielle Vilela | Estadão Conteúdo
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