29 novembro, 2014

Com cobertura de berço, açúcar pode operar na chuva

O tempo de espera de um navio açucareiro no Porto de Santos pode ser reduzido em até 51% com a implantação de terminais all-weather – aqueles que permitem a operação de cargas mesmo na chuva, pois seus berços de atracação ficam cobertos. Essa é a conclusão da pesquisa Simulação do uso de terminais all-weather na operação de terminais de exportação de açúcar a granel, elaborada pelo professor da Universidade Católica de Santos (UniSantos) José Fontebasso Neto e pela aluna Thamires de Andrade Barros, do 4º semestre de curso de Engenharia de Produção, também da UniSantos.
 
O trabalho foi apresentado ontem durante a 6ª edição do Seminário e Workshop em Engenharia Oceânica (Semengo), iniciadana última quarta-feira e que termina hoje, em Rio Grande(RS).
 
Como tema Engenharia Costeira e Portuária, o VI Semengo reúne pesquisadores, especialistas e consultores portuários de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e de outros países, como Portugal e Canadá. Realizado a cada dois anos pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), ele é considerado um dos principais e ventos do setor.
 
Apresentado durante uma das sessões técnicas do seminário, o trabalho sobre os terminais all-weather foi exposto por José Fontebasso Neto, professor de Estatística e Probabilidade e Pesquisa Operacional da UniSantos. A pesquisa abordou os impactos da implantação desse tipo de instalação, cujos berços de atracação são cobertos, protegendo os porões dos navios da chuva. Tal característica é estratégica nas exportações de açúcar, que só pode ser carregada enquanto não está chovendo. Molhado, o produto é descartado.
 
Em 2011, por exemplo, calcula-se que os terminais de açúcar do Porto de Santos ficaram 100 dias sem operar, quase um terço do ano, devido à chuva. O complexo santista ocupa uma posição de destaque no escoamento dessa carga. Ele lidera as exportações do açúcar brasileiro, respondendo por dois terços dos embarques nacionais no ano passado, movimentou 16,9 milhões de toneladas. O Brasil é responsável por metade das exportações de açúcar no mercado mundial.
 
De acordo com Fontebasso Neto, a pesquisa envolveu mais de 100 simulações, realizadas com base em dados coletados com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a administradora do Porto, a respeito das atividades dos terminais açucareiros de Santos durante quatro anos, de 2007 a 2010. Nos testes, foram analisados os reflexos de uma infraestrutura all-weather considerando quatro modelos de instalações portuárias. E foram avaliadas informações como o tempo de espera, tem pode operação e utilização do terminal.
 
Os resultados que mais se sobressaíram envolveram o tempo de espera, referente ao período em que, após a atracação do navio, a instalação fica parada, explica o professor. Tradicionalmente, nos embarques de açúcar, essa interrupção do serviço ocorre devido às chuvas ou à falta de carga.
 
Com os berços cobertos, um dos terminais de maior movimento teve seu tempo de espera reduzido em 48,03%, de 64,74 para 33,06 horas por ano. Na outra unidade de maior movimento, a queda foi de 51,45%, de 111,23 para 54 horas por ano. Com esses reflexos, a taxa de utilização dessas instalações caiu 14 pontos percentuais (de 71% para 57%) no primeiro caso e nove pontos percentuais (de 55% para 46%) no segundo caso, comprovando que a infraestrutura implantada permitiria a essas empresas utilizar ainda mais sua capacidade operacional.
 
“O modelo que montamos mostra que todos os indicadores de desempenho tiveram ganhos, especialmente o tempo de espera e a taxa de utilização. Isso comprova a importância dessa infraestrutura, que já existe em outros país e se pode ser utilizada com qualquer carga sensível a intempéries. Especialmente em Santos, líder nas exportações de açúcar, essas coberturas são estratégicas”, afirmou o professor.
(Informações Tribuna.com)

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