PCC tem base em todos os Estados e em seis países por Alexandre Hisayasu | Estadão Conteúdo
O poderio financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) reflete
diretamente seu poderio geográfico. À medida que as receitas da
organização crescem, expandem-se também seus limites territoriais. Se,
em 2013, após três anos e meio de investigações, o Ministério Público
Estadual (MPE) concluiu que a facção se espalhava por 22 Estados,
Distrito Federal, Bolívia e Paraguai, hoje o PCC se faz presente em
todas as 27 unidades da federação e já tem bases também na Argentina, no
Peru, na Colômbia e na Venezuela. Segundo o MPE, há evidências nas
investigações que mostram contatos diretos de integrantes do PCC com o
Exército do Povo Paraguaio (EPP), um grupo terrorista contrário ao
governo local, e com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc). "O foco está no tráfico de drogas e armas com todos os países
listados. Começamos a verificar, por exemplo, o uso de fuzis argentinos
no Brasil por parte de integrantes do PCC recentemente", conta o
promotor Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente. No Brasil, a presença
do PCC, além de São Paulo, é mais forte em Mato Grosso do Sul e no
Paraná, por causa da fronteira com os países que têm bandos parceiros da
facção. Segundo investigações, aos poucos, o grupo está deixando de
lado os intermediários e assumindo a compra direta de drogas. É o caso
de Fabiano Alves de Souza, conhecido como Paca e apontado como o único
integrante da cúpula em liberdade. Segundo a polícia, ele vive no
Paraguai e envia droga para o Brasil sob encomenda da facção. Paca
estava preso no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) até 2014, quando
recebeu um habeas corpus da Justiça. Sua prisão preventiva foi decretada
pouco depois, mas ele nunca mais foi encontrado. Segundo o procurador
de Justiça Márcio Sérgio Christino, "eles (os integrantes do PCC)
conseguem ocupar uma região, um Estado, um país, porque há espaço. Há
espaço porque conseguem fornecer drogas. É uma relação comercial",
afirma. Investigações do MPE, de outubro de 2013, além do audacioso
plano de execução do governador Geraldo Alckmin (PSDB) - considerado
pelos criminosos como o responsável pela "opressão" à população
carcerária -, revelaram a existência de uma aliança entre o PCC e o
Comando Vermelho (CV), organização do Rio. Em território nacional, essa é
a única facção que estabeleceu uma parceria com a facção paulista. Os
bandidos, segundo as investigações, trocavam informações sobre métodos
de assaltos e sequestros e também sobre como estabelecer o domínio
dentro do sistema prisional. De acordo com Christino, isso não acontece
nos demais Estados. "Tudo está baseado no crescimento do tráfico de
drogas. No Rio, as facções têm meios e infraestrutura para fornecer e
comprar drogas em um ritmo acelerado", explica. Pelo restante do Brasil,
o PCC tem controle garantido sobre o crime organizado. Christino diz
que um revendedor de drogas cria vínculo com a facção e, desse modo,
ganha projeção dentro da própria estrutura do "partido". "A facção
cresce nos Estados que não têm a mesma estrutura de venda de drogas",
diz o procurador. "Nos demais Estados, o PCC supre essa falta de
estrutura e acaba cooptando os traficantes locais. Por isso, a facção
cresce". Em janeiro de 2015, a polícia e o MPE descobriram contas na
China e nos EUA que estariam sendo usadas para lavagem de dinheiro.
Entre 2013 e 2014, a suspeita é de que a facção possa ter movimentado R$
100 milhões - o valor é uma estimativa. Segundo as investigações, o PCC
ainda não está familiarizado com a lavagem de dinheiro por meio de
offshores e prefere operar com dinheiro vivo. Para isso, a organização
guarda dinheiro em residências (enterrando em quintais, por exemplo) ou
usa casas de câmbio para transferir valores para a compra de drogas na
Bolívia e no Paraguai.
(Fonte Bahia noticias)
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