Deputado suplente do novo ministro da Saúde está preso por agredir ex-noiva por Julia Lindner | Estadão Conteúdo
(Foto: Brunno Covello / SMCS / Divulgação)
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) assumiu o Ministério da
Saúde do governo Michel Temer nesta quinta-feira, 13, abrindo espaço
para que um suplente o substitua na Câmara. Mas não é tão simples assim.
O candidato mais votado da sua coligação, que possuiria prioridade para
assumir o cargo, é o ex-deputado estadual Osmar Bertoldi (DEM-PR),
preso desde fevereiro na cidade de Pinhais, no Paraná, acusado de
agredir a ex-noiva. A defesa entrou com um mandato de segurança para que
ele possa exercer a função. Contra Bertoldi pesam cinco acusações:
violência doméstica, lesões corporais, constrangimento ilegal, trabalho
escravo, ameaças por palavras e estupro. O processo segue em segredo de
justiça. A tese da defesa é de que não houve uma agressão "exclusiva"
dele, pois "ambos saíram machucados". A ex-noiva de Bertoldi, Tatiana
Bittencourt, contudo, disse ter sido "encarcerada, alvo de socos e
chutes, chamada dos piores termos imagináveis, sem acesso a ninguém,
apenas pessoas da confiança de Bertoldi que a vigiavam". Tatiana
denunciou o ex-deputado ao Ministério Público do Paraná no final do ano
passado, que aceitou e encaminhou o processo ao Tribunal de Justiça do
Estado. Bertoldi foi preso pela Polícia Federal e a Polícia Militar de
Santa Catarina em fevereiro, na cidade de Balneário Camboriú, depois de
ter sido considerado foragido e ter sido identificado por uma
testemunha. A prisão preventiva do ex-parlamentar foi decretada em
janeiro porque ele teria violado a Lei Maria da Penha ao tentar se
aproximar de Tatiana. Como primeiro suplente da chapa, Bertoldi já
poderia ter assumido duas vezes, no caso da vaga do deputado federal
Valdir Rossoni (PSDB-PR), que assumiu a secretaria da Casa Civil do
Paraná, e de Reinhold Stephanes (PSD-PR) que assumiu a secretaria de
Administração do Estado. Em seu lugar, ocuparam as vagas Paulo Martins
(PSDB-PR) e Nelson Padovani (PSDB-PR). A defesa do paranaense entrou com
um pedido de habeas corpus para que ele pudesse assumir as vagas, mas o
pedido foi negado. Seus advogados também entraram há cerca de um mês
com um mandato de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso
foi sorteado para o ministro Luiz Fux, mas ainda não foi analisado. Caso
seja aprovado, a defesa defenderá que Bertoldi assuma a suplência da
vaga de Ricardo Barros. A expectativa do advogado eleitoral de Bertoldi,
Guilherme Gonçalves, é que o pedido seja analisado nos próximos dias. A
defesa questiona que Bertoldi deveria ter sido notificado sobre a
abertura das vagas, pois tinha direito "líquido e certo" sobre elas, mas
ao invés disso o segundo suplente foi chamado diretamente. Para
Gonçalves, o ex-deputado também deveria ser notificado formalmente sobre
a abertura da vaga de Barros. "O fato de ele ter a chance de tomar
posse torna a questão dele mais relevante do que um mero direito
individual", opinou. O advogado justifica a soltura do seu cliente
dizendo ele não apresentaria mais nenhum risco para a vítima, pois teria
que se mudar para Brasília, ficando mais afastado. A Secretaria da Mesa
da Câmara informou que, antes de comunicar a abertura da vaga,
verificará se Bertoldi continua preso na próxima semana. Se ele estiver,
será chamado o segundo suplente, Sérgio de Oliveira (DEM-PR).
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