Estudantes de Nova Redenção podem ser despejados de residência universitária
A vida de 26 estudantes do município de Nova Redenção, na região da Chapada Diamantina, ganhou contornos de desespero e incertezas desde que receberam em dezembro do ano passado uma notícia preocupante: eles podem ser despejados da residência estudantil onde vivem no bairro do Tororó, em Salvador. A prefeitura do município, que atualmente custeia as despesas da casa, utilizada por filhos de moradores da cidade, já comunicou aos universitários que não vai renovar o contrato de aluguel da residência, vencido no último dia 2 de janeiro. Com isso, surgiu outro problema: a proprietária do imóvel já emitiu ordem de despejo e os estudantes têm até o próximo dia 20 para deixar o local que abriga universitários redençoenses há 16 anos. Em entrevista ao Bahia Notícias, o estudante de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Ronilton Almeida, de 22 anos, conta que a justificativa da prefeitura para não renovar o contrato foi de corte de despesas. “Em novembro, avisou para gente que nós íamos pagar as contas de água e luz. Alegamos que não tínhamos condições. Em dezembro, a prefeitura enviou procurador dizendo que não ia haver casa em 2016. O custo da casa é R$ 4,5 mil, com todas as despesas incluídas”, relata. Segundo o estudante, o dinheiro gasto para custear a residência seria utilizado em outro projeto enviado à Câmara de Vereadores pela prefeita Ana Guadalupe Pinheiro Luquini Azevedo (PSD). "Eles mandaram um projeto de lei para a Câmara, criando até 15 bolsas-auxílios. Ela acabaria com a casa e pagaria um auxílio, que seria destinado pela prefeitura, mas ela decidiria para quem iria receber os auxílios. Ela enviou a proposta para a Câmara para justificar o fechamento”, reclama.
Estudantes protestam contra fechamento de residência | Foto: Reprodução / Ronilton Almeida
De acordo com Almeida, os estudantes tentam acordo com a gestora municipal, mas ela se recusaria a manter diálogo. “Mandamos ofício, mas eles nem receberam. O único contato que temos é com o procurador”, conta. Mobilizados na tentativa de reverter a decisão da prefeitura, os estudantes realizaram manifestações e a causa ganhou até adesão do reitor da Ufba, João Carlos Salles. “A gente já realizou duas manifestações, uma em Salvador, onde fomos até a casa dela [da prefeita] protestar, na Graça, e ela não nos recebeu e não deu nenhuma resposta. Fizemos uma outra manifestação em Nova Redenção”, relata. Sem respostas ou indicativos de um cenário diferente, os universitários de Nova Redenção convivem com o medo de ficar sem teto. “Estamos com medo, a galera não tem para onde ir. Estamos muito indignados, não faz nenhum sentido ela dizer que é um corte de gasto de R$ 4,5 mil. É uma coisa contraditória, a qualquer custo, sem solidariedade com os alunos e famílias”, critica. Procurada pelo Bahia Notícias para falar sobre o caso, a prefeita Ana Guadalupe Azevedo não atendeu às ligações.
Comentários